Cuidados com as crianças e adolescentes: a pedofilia cresce na Internet em tempo de quarentena.
Após a OMS (Organização Mundial de Saúde) ter declarado uma pandemia pelo novo coronavírus causador da doença Covid-19, em março deste ano, foi adotado um protocolo de isolamento social em todos os países, para tentar se conter a expansão do vírus. Normalmente, se não houvesse a pandemia, já se tomava cuidados com o ataque dos pedófilos pela internet. Atualmente, com as creches e escolas fechadas, muitas crianças e adolescentes estão dentro de suas casas praticamente presos, sem muitas alternativas de atividades prazerosas e acabam ficando na Internet, à mercê de sites ofensivos, violentos e até mesmo pornográficos disponíveis e de fácil acesso a este público.
Os pais, também se viram obrigados a cumprir a quarentena, e passaram, na medida do possível, a fazer seus trabalhos de maneira Home Office, convivendo com seus filhos 24h por dia. Haja criatividade para acompanhar essas crianças! Assim, em algum momento, se viram obrigados a dar-lhes smartphones e tablets a fim de entretê-las enquanto cumpriam suas obrigações. Muitas escolas também têm disponibilizado atividades ou aulas remotas para as crianças de maneira online. Grupos de escolas se comunicam através de aplicativos de mensagens instantâneas, como o WhatsApp. Outros aplicativos como Facebook, Instagram e TikTok são atraentes para eles. Fica difícil supervisionar. E como será após o fim da pandemia? Conseguiremos retirar das crianças os smartphones e tablets? Não estamos terceirizando os cuidados de nossos filhos para os meios cibernéticos?
Não devemos nos esquecer dos perigos virtuais, como a pedofilia que aumentou demais durante a pandemia, segundo especialistas. Os pedófilos podem coagir suas vítimas, nossas crianças e adolescentes, a fornecerem fotos ou vídeos. Podem fazer contato casual por chats ou games,fazendo-se passar por criança também, para ganhar sua confiança e iniciar conversas sexuais. Por meio de perfis fakes em redes sociais, tentam marcar encontros se passando por outros adolescentes.
O adulto que compartilha, produz e armazena conteúdo de sexo com criança ou adolescente pratica os crimes previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Ao induzir alguma criança ou adolescente a fazer algum ato sexual pela internet, em caso de condenação, pode pegar de 4 a 8 anos de prisão.
A criança não tem maturidade emocional suficiente para ter acesso à pornografia. Ao assistir a vídeos e ver fotografias pornográficas, sua curiosidade sobre o assunto é despertada e terá comportamentos mais erotizados. Antigamente, vigiava-se as brincadeiras na rua, ou as companhias com quem andava, hoje devemos fiscalizar, estar atentos ao que assistem na televisão ou navegam na internet.
Faz-se necessário verificar os históricos dos acessos, chegar de surpresa e ver o que está fazendo, observar se há mudanças de comportamento quando alguém está próximo durante o uso dos aparelhos. Não permitir o acesso à localização, câmera e microfone na instalação de aplicativos que serão utilizados pelas crianças ou pode-se utilizar apps que bloqueiem o seu uso. As Smart TVs precisam de senhas para conter a visualização de conteúdos impróprios. Falar sobre segurança online e estabelecer um tempo para ficarem “logados”. Reafirmar sempre a importância de não falar com estranhos na Internet. Deve-se evitar que a criança navegue trancada sozinha no quarto.
Explicar os perigos do compartilhamento publico de locais, fotos suas e informações de familiares ou mesmo de colegas de escola; O diálogo é sempre o melhor caminho. É muito importante falar com eles sobre o que é estar seguro na internet, sobre limites do corpo mesmo no mundo virtual, sobre o que é privado ou público e o que fazer caso sinta ou perceba que tem alguma coisa errada acontecendo.
É papel dos pais o exercício dessa fiscalização. A educação de nossos filhos não tira férias nem fica de quarentena, aí também se inclui a educação digital. Pai e mãe são papéis que não delegamos aos outros e que nunca tiram férias e nem entram em quarentena.
A quem procurar se algo acontecer? CONSELHO TUTELAR, DISQUE 100, SAFERNET BRASIL e a DELEGACIA de sua cidade.
Mércia Fuzetti de Almeida Troncon, psicóloga da APROCAF.